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toca no meu cabelo.

  • Foto do escritor: Andreia Imperial
    Andreia Imperial
  • 12 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de set. de 2020

Lembro-me bem da visão que tinha do meu cabelo, das inseguranças e choros ao pentear e quando me via ao espelho e implorava em pensamento para que ele milagrosamente mudasse. Ele nunca foi o que queria que fosse e consequentemente eu nunca fui o que sempre quis ser, porque nunca em um milhão de anos, tive a coragem de amar o que era, como era.


Há quem o ache fofinho, também há quem pergunte se é realmente meu, se é impermeável... Já ouvi dizer que parece muita coisa e no final de cada observação é sempre dita a tal frase padrão "não leves a mal". Palavras simples que têm o poder de provocar uma leve sensação de sincera insegurança.


A minha realidade, que não é a mesma que a de quem não partilha o mesmo tipo de cabelo que eu, não deve ser condicionada por quem não entende ou passa pelo mesmo que eu. Portanto, toca. Toca no cabelo que desobedece á gravidade visto que é superior a ela e a todas as opiniões criadas dele.


A família a que pertenço merece que tenha orgulho no que represento ser, nos meus antepassados que deixaram como património algo que devo cuidar e amar. Esse algo que é da minha responsabilidade. Fui habituada a não aceitar uma visão banal de algo que tem mais poder, e fofinho é medíocre.

Hoje, olho para ele com admiração. Não podia amar mais a minha marca, a minha crespitude. Como é que fui capaz de omitir o potencial em cada fio meu? O afro renegado porque ninguém o quer aceitar. O afro que desafia os padrões de beleza impostos pelo mundo. O afro resiliente que depois de tanto tempo ridicularizado, progressivamente, vence. O amor sempre vence e eu amo o meu afro.


A mulher africana que agora mais que nunca, carrega essa recompensa divina com virtude e dignidade por amor, merece valor. Portanto, antes de tocares no meu cabelo, leva isso em consideração.





1 Comment


Sandrine Almeida
Sandrine Almeida
Sep 12, 2020

yes baby!! yes!!

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